Voltando a escrever: 7 anos de AVC.....
Eu sempre tive uma vida normal, morava sozinha há bastante tempo, independente financeiramente, viajava, saia com as amigas, enfim fazia tudo que queria até 12/5/2015.
Dia 24 completaria 30 anos, estava planejando minha festa, estava super animada para comemorar meus 30 anos. Estava voltando do Rio de Janeiro, onde fui para uma reunião de trabalho, no fim do dia o motorista foi me buscar para voltarmos para São José dos Campos-SP .
Fizemos uma parada antes de pegar a estrada para fazer um lanche, estava ótima, não sentia absolutamente nada de diferente. Quando acabamos de subir a serra comecei a sentir náuseas , pensei que por conta da serra o lanche teria me feito mal, pedi para o motorista parar que precisava vomitar.
Não consegui vomitar, estava muito mal, entrei dentro do carro e pedi ajuda, em seguida parou o carro em algum lugar, daí me fizeram algumas perguntas , não consegui responder nenhuma, já estava sem fala. a moça ( acho que era uma médica da Nova Dutra) disse que eu estava muito mal e precisava ir para o hospital mais rápido possível, me levaram para o Pronto Socorro de Itatiaia, onde me largaram em cima de uma maca na enfermaria sem nenhum atendimento, o motorista vendo a situação achou meu cartão da Unimed dentro da minha mochila, e pediu para eu desbloquear meu celular, ligou no hospital do convênio em Rezende e pediu minha remoção.
Enquanto isso meu desespero aumentava, pois estava passando muito mal e ninguém, absolutamente ninguém daquele hospital ia me ver ou prestar algum atendimento, já estava com a metade do corpo paralisado e sem fala, mas ao lado da cama havia um suporte de soro, que pensei se eu caísse da cama e conseguisse derrubá-lo iria fazer um barulhão e alguém iria lembrar que eu estava ali e viriam me socorrer. Deu certo na questão chamar atenção e virem me ver, mas me socorrerem não, pois minha situação piorou muito, pois me amarraram na cama e me largaram ali. ( Impressionante o descaso que tiveram comigo, não sei se posso chamar aquelas pessoas de profissionais de saúde! Quem sabe se eu tivesse recebido o atendimento adequado as sequelas não teriam sidos bem menores? Ou quem sabe, até não teria tido sequelas? Pois afinal estava dentro das primeiras 4 horas pós AVC onde ainda da pra fazer algum coisa e impedir um estrago maior!!)
A ambulância chegou fui transferida, não falava , mas não conseguia parar de gritar.
O motorista já havia avisado meus pais. Assim que minha mãe chegou no hospital pediu pra me desamarrarem, fiquei um pouco mais calma, me sentindo mais segura, não estava mais sozinha, minha mãe ia cuidar de tudo, então consegui parar de gritar um pouco. Ela pediu pra me colocarem pra dormir, porque estava exausta, mas, eu só pensava que não podia dormir ali porque tinha uma reunião importante.
Me levaram para UTI, lá tiraram minha roupa, resistia, ficava tentando derrubar a ”proteção para os pés da cama.
Daquele Hospital só sai 45 dias depois, foram 18 dias na UTI, 7 em coma, onde eu passei e comemorei meus 30 anos, não me lembro de nada dos 18 dias da UTI, sei o que me contaram.
Sem dúvida foi uma comemoração muito diferente da que es estava planejando.
Já se passaram 7 anos, que são bem diferentes de uma recuperação em 8 meses, como me disseram no hospital.
Fiquei internada duas vezes no centro de Reabilitação Lucy Montoro em São Paulo, Fiz cirurgia de alongamento de tendão nos dois pés, fui pra Tailândia fazer aplicação de célula tronco, e faço aplicações de toxina botulínica em varias Partes do corpo, praticamente de 3 em 3 meses.
Estou começando a falar pequenas palavras, tipo “mãe, não” e tenho alguns pequenos movimentos.
Fiquei superdependente, dependo de todos pra tudo, não posso fazer o que eu quero na hora que eu quero, tudo precisa ser programado com antecedência, pois tem que conciliar muitas agendas, só ando em “Bando”, e não posso deixar de citar a questão da acessibilidade, como é muito ruim nas maioria dos lugares, limita muita a minha vida.
Minha vida mudou bastante,
agora levo uma vida bem diferente, cheias de desafios diários e muitas
terapias
Comentários
Postar um comentário