EM CASA II
Ainda me alimentava
pala GTT ( sonda gástrica), era um
horror aquele cano na minha barriga, as enfermeiras me davam a dieta pela
seringa, tinha que ter a velocidade certa se não eu vomitava tudo, não podia
deixar entrar ar, era de hora marcada, tudo esterilizado, minha
mãe quase enlouqueceu, tinha que verificar se as enfermeiras estava preparando
direito e dando corretamente, não podia abaixar a cama em seguida, tinha que
limpar com gaze esterilizada e soro fisiológico, em fim um trabalhão louco.
Me lembro de um dia
que acabaram de me dar a dieta, minha mãe abaixou a cama para me trocar, estavam
ela a tia Fátima e a enfermeira, minha
mãe e nem a tia Fátima viram que eu estava sufocando, sorte que a enfermeira
olhou pra mim e viu que eu estava roxa, minha mãe , não sei como, em um segundo
estava sentada atrás de mim, ela me levantou e voou para cima da cama, começou a
bater nas minhas costas, tia Fátima me abanava , quando consegui respirar de
novo, comecei a chorar, aliás, todas
nós, que desespero, pensei “ agora eu vou morrer, e ninguém vai olhar pra mim”.
Minha mãe quase morreu, pedia mil desculpas toda hora, na verdade foi ali que
aprendemos que não podia abaixar a cama, dava refluxo. Nunca mais aconteceu
Graças a Deus!!!
O Rodrigo vivia
brincando com a GTT, me falava que era a boca da barriga ou a 2ª boca.
Tinha muita vontade
de comer, presunto então nem se fala, não podia ver o reclame na tv, tinha medo
também de não comer nunca mais na minha vida.
Minha mãe não
deixava ninguém comer na minha frente, e fechava o quarto para que o cheiro da
comida não entrasse lá.
Fazia fisio com
aquele cano na barriga, ficava de bruço e tudo mais, mas era muito perigoso
aquele cano sair, então a Ro fez uma faixa para enrolar em volta da barriga
prendendo aquele troço, deu certo.
Quando comecei as
sessões de fono com a Marcia, ela me disse o seguinte:
“ Paula eu sei que você
quer falar, mas, mais importante que falar porque de uma certa forma você já
esta falando é tirar esse cano de você, isso não te pertence”.
E foi o que
aconteceu, exatamente 3 meses depois de ter colocado a sonda, fui de ambulância
para o Frei Galvão ( hospital daqui de Guará) para retirar a sonda. O médico lá não queria tirar, disse
pra minha mãe que nunca tinha visto uma pessoa que tivesse uma lesão com a
gravidade da minha tirar a sonda em tão pouco tempo e que ele achava que ela
iria me levar de volta para colocar de novo, Fono, nutricionista e meu médico
tinham autorizado. Então ele acabou concordando.
Assim que tirou,
não doeu nada, na verdade ele só puxou, minha mãe e eu caímos no choro, mais
uma fase vencida!!! Ia voltar a comer...
Durante esses três meses
com a sonda, tanto a Marcia quanto a Maria Fernanda trabalharam incansavelmente
para que eu pudesse voltar a comer, me davam suco com espessante de colherinha,
quando acabava a sessão, e elas iam embora, minha mãe e eu fazíamos arte, ela
me dava o resto do suco que elas deixavam no copo, tomava tudo, não era boba
nem nada, rsrs ,minha mãe só me falava: “ Não vai engasgar pelo Amor de Deus!!!
Fazia arte com o
Rodrigo também, ele molhava a cerveja na gaze e passava na minha boca, todo
mundo surtava. Tínhamos que brincar para tornar as coisas mais fáceis.
Me lembro como se fosse hj o dia que engasgou, foi um horror!! Que susto! Na verdade , que pânico que ficamos...mas me lembro também da nossa emoção em retirar a Gtt. Conquistas maravilhosas....
ResponderExcluirEssa cerveja na gaze deu o que falar...kkkkk, mas foi bem divertido.
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